Lula consegue emplacar Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, mas não terá vida fácil na Câmara e no Senado
O presidente Lula passou, ontem, pelo primeiro desafio do seu governo ao conseguir recolocar Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) nas presidências da Câmara e do Senado respectivamente.
Lira, como era esperado, não teve dificuldades para se reeleger na Câmara, atingindo a marca de 464 votos, novo recorde para uma eleição na casa legislativa, 30 a mais do que João Paulo Cunha conseguiu em 2003, e mostra a força do centrão.
Desde que Lula e Lira começaram a interagir em Brasília, é fato de que a conta de Lula com Lira só aumentou, já o tamanho da dependência que o Palácio do Planalto terá, deverá ser acompanhada à medida que a base é testada em novas votações, mas ninguém espera que Lira atue como líder do governo, como ele atuou no governo anterior.
Já Pacheco teve mais dificuldades para conseguir a reeleição no Senado, mas acabou superando Rogério Marinho do PL-RN (partido do ex-presidente Bolsonaro) com 49 votos, exatamente o mínimo necessário para aprovação de propostas de emenda à constituição na casa legislativa. O resultado foi comemorado pelo Palácio do Planalto, mas também mostra que terão inúmeros desafios pela frente.
O Governo teve que entrar com força para garantir a vitória de Pacheco, assumindo riscos, inclusive os envolvidos na “regra não escrita” de interferência em processo eleitoral de outro Poder.
O Governo também fez outra manobra arriscada ao construir um bloco de apoio que afastou PL, Republicanos e PP na casa legislativa, os três principais partidos de sustentação do Governo Bolsonaro. Agora o foco é tentar costurar um acordo e garantir o respeito à proporcionalidade das bancadas na distribuição de postos na Mesa Diretora e nas comissões. Caso o acordo consiga ter sucesso, poderá garantir uma melhor governabilidade a Lula, diminuindo um pouco mais a oposição que está estimada atualmente em 32 parlamentares. As próximas votações, que devem envolver algumas das medidas provisórias editadas pelo governo, devem ser os novos testes, que nos dirão a qualidade da coalizão formada com a distribuição de cargos na Esplanada dos ministérios aos partidos.